sábado, 17 de maio de 2008

Vitrine


Coleciono mágoas...


Já tenho tantas delas q poderia oferecê-las no Mercado Livre e forrar os bolsos... o problema é q elas são tão pessoais e intransferíveis q não creio q achasse quem quisesse compartilhar estes tesouros comigo...


Foram cuidadosamente colhidas ao longo do tempo:

mágoas de amor, estas em grande número e de diferentes origens e valores...

mágoas familiares - mais comuns e corriqueiras, acho q todo mundo tem destas, se não guardadas, ao menos perdidas em algum canto...

mágoas com o mundo adulto...

mágoas como descaso dos amigos, todos envolvidos em suas próprias mágoas, q nem notam q por trás do meu sorriso há dor, dor, dor...

mágoas com a professora de matemática, q me mandou recitar a maldita taboada q eu não sabia...

mágoa com um deus q nem sei se existe, q me tirou a Mãe, qdo ainda não me sentia preparada para encarar a vida sem ela...


São tantas q, ao inventariar o pesado armário q arrasto com esforço, me dou conta de q só algumas merecem lugar na coleção; a maioria é boba e infantil e sem valor...


Ainda bem q coleciono também latas-de-lixo, para onde irão todas aquelas mágoas q são apenas tranqueira...


As preciosas, as q ainda provocam lágrimas, estas vou espanar-lhes o pó, lustrar o verniz e expôr com orgulho de bêbada na vitrine da minha mediocridade...

Um comentário:

Adri disse...

lis, as mágoas provocam em algumas pessoas o complexo de ostra: fechar em si mesmo. não se feche! seja como uma MIMOSA PUDICA - o que és de fato! nesse complexo , o ser acometido por esse processo patológico, produz uma pérola. o problema é que muitos ficam a produzir a danada a vida toda sem oferecê-la a ninguém. se ao menos puder oferecê-la a si mesma, o complexo terá realizado sua função...
beijinho da adri