segunda-feira, 21 de julho de 2008

Para ela

ASSIM COMO BANDEIRA O que amo em ti não são esses olhos doces delicados nem esse riso de anjo adolescente. O que amo em ti não é só essa pele acetinada sempre pronta para a carícia renovada nem esse seio róseo e atrevido a desenhar-se sob o tecido. O que amo em ti não é essa pressa louca de viver cada vão momento nem a falta de memória para a dor. O que amo em ti não é apenas essa voz leve que me envolve e me consome nem o que deseja todo homem flor definida e definitiva a abrir-se como boca ou ferida nem mesmo essa juventude assim perdida. O que amo em ti enigmática e solidária: É a Vida! (Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, Flâmula, 2004, p.37)

Intertextualidade


ainnn, como eu sou ignorante...



pior q me lembrei do Jude Law, fazendo caras de Rutger Hauer novinho, noutro filme (O Amor Não Tira Férias)e não no AI... só depois q fui lembrar do Gigolo Joe!



ô gente esperta, esta do Cinema, hein?



e a Adri já me ensinou uma coisa nova q eu não conhecia: intertextualidade!
agora vou ali pesquisar! com licença...

sábado, 19 de julho de 2008

Conexão


Acabei de assistir, pela enésima vez, Blade Runner. Hj foi a versão "definitiva" de 2007... e é enésima mesmo, nem sei quantas vezes já o vi, cinema, vídeo, dvd...


Estava na estréia em 1982, numa sala de cinema q não lembro o nome, ali na Salgado Filho... Fernando, Vitor e eu. Saímos chocados. Era a primeira vez q o futuro aparecia sem o brilho prateado já tradicional, associado a um futuro imaginado, asséptico... Era a primeira vez q a imundície típica de nós, humanos, aparecia sem disfarces na telona... A chuva constante, a escuridão, os simulacros de vida, a poluição, a onipresença dos chineses... Olhando para trás, percebe-se a capacidade preditiva de quem idealizou o visual do filme...




Mas não era isto q eu ia escrever... era o seguinte: o Rutger Hauer faz um andróide bárbaro(em todos os sentidos de bárbaro), caçado pelo Rick Deckard do Harrison Ford, q é policial no LAPD de 2019, sendo q o filme original é de 1982. Olhando bem, o ator me lembrou fisicamente o Jude Law, q fez um andróide(mecha) no Inteligência Artificial, de 2001...


Foi só uma conexão, daquelas q a gente às vezes faz e não significa nada em especial...




Divagação sem sentido especial, num sábado de tarde preguiçoso...


sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amizade

Sentir-se não é ser...
Sentir-se é individual e particular, não significando o compartilhamento do sentido com quem está perto (ou longe), independente de quão perto (ou longe) esteja o objeto do afeto.
Sentir-se não reflete a visão do objeto, reflete apenas a visão do sujeito do sentir.
Sentir-se só não significa estar, de fato, só. Pode-se estar só, no meio da multidão e isto já é quase lugar-comum, tanto no plano da fala quanto no da realidade. Significa q o sujeito experiencia internamente a sensação de ter um vazio em volta de si e, nele, nada penetra. Significa, na maioria das vezes, a negação do real, a negação do burburinho em volta de si. Ser também não é sentir-se. Ser, ao contrário, espelha uma outra posição: a do sujeito sujeitado ao objeto e suas ações. Relaciona o que vem de fora ao que se encontra aprisionado dentro. É qualidade, mais que pressuposto. Embora a realidade de ser não seja sempre reconhecida pelo sujeito como verdadeira, ela tem, da parte do objeto, uma validação incontestável. Assim, ser amado não significa sentir-se amado... Significa apenas q o objeto devota ao sujeito algo q este sujeito pode (ou não) compreender ou aceitar como seu. Significa q aquilo q o sujeito percebe muitas vezes está descolado do q o objeto propõe. O q se diz não é igual ao ouvido pelo(s) outro(s). O q se ouve não é igual ao q foi dito pelo(s) outro(s). Há, no espaço entre a boca q profere a palavra e o ouvido q a recebe, uma distorção natural. Ambos os polos desta troca associam um peso extra à palavra. Este peso é o interpretar, q se dá de acordo com o mundo interno daquele q fala/ouve. A fidelidade sempre se perde neste espaço, independente da intenção. Com frequência ocorrem mal-entendidos, difíceis de serem desfeitos, pois cristaliza-se em cada um, falante/ouvinte, a certeza do q foi falado/ouvido. Mesmo assim, vale tentar refazer o q não pode ser desfeito. É da amizade entender esta tentativa... É da amizade entender esta diferença... Volto a dizer: sentir-se não é ser... Quem fôr capaz de entender q as palavras foram ditas assim, é um(a) amigo(a). Bem vindo(a), então!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um mundo


Pois em cada dia, uma descoberta...


A gente vai navegando, surfando -eufemismos aquáticos para a busca mágica na web- e uma coisa leva à outra, q leva à outra e assim por diante...


Comecei procurando por brechó, q sempre fui louca por uma velharia! Visitar aquelas lojinhas de roupas usadas q proliferaram nos últimos anos ali pela João Pessoa, Luis Alfredo, Cidade Baixa, enfim, sempre foi um pequeno e consistente prazer para mim... dar de cara com um Fernando Pires de 3 anos atrás, bem usado, mas em condições de ser levado a passear numa noite no Ocidente... uma anágua vintage, preta com um meigo ruffle branco na barra, q foi enfeitar a amiga amada... a luvinha de malha de algodão, arrematada com 2 babados de organza, naquela cor antiguinha q é um branco meio bege e q me acompanhou na Zombie Walk 2006...


Olhar cada peça e ver nela a beleza escondida, q as araras cheias de inutilidades escondem... como na vida, muito entulho e aqui e ali uma preciosidade. Garimpar é preciso, viver não é preciso...


Dos infindos brechós, passei aos blogs e destes aos brechó-blogs! bom, aí tudo mudou de figura. Ou não! não são mais os achados bacanas de coisas únicas e particulares. Foi uma enxurrada de blusinhas de magazines, sapatinhos, camisetas velhas e bolsinhas idem. Primeiro, fiquei decepcionada, achava ingenuamente q as meninas teriam coisas plenas de história para mostrar. Depois me dei conta q a grande maioria dos modelitos era tam P, ou PP... realmente eram peças do guarda-roupa atual q a dona se cansara e queria se desfazer, tirando um troquinho em troca (infâme, sei, perdoem-me...)


Passada a primeira má impressão, resolvi olhar com mais cuidado e seletividade... achei muita coisa bacaninha... mas descobri q o meu brechó tem muito mais coisa legal, q eu comprei e q, se visse num outro brechó, ficaria tentada a comprar!


Meu gosto por coisas antigas continua ativo, minha procura de peças diferentes segue firme e forte...


Mas foi em mim q descobri o melhor: a capacidade de ver um mundo e, apesar dele ser cheio de coisas interessantes, ter a certeza q sou mais!

domingo, 6 de julho de 2008

A Menina

A Sheila é uma mulher... tem corpo de mulher, responsabilidades e encargos de mulher... cuida de nós, seus amigos e amigas, como uma mulher... ama "just like a woman"... Mas, se prestarmos atenção, os olhos revelam... é uma menina, esta menina Sheila! os olhos se iluminam e sorriem, lançam faíscas e fagulhas e felicidades... os olhos se umedecem, deixam escorrer lágrimas e, mesmo assim, sorriem! A menina Sheila acolhe e acalma, tem palavras sãs e doidas, doídas, doloridas... a menina Sheila é linda, mas não me deixa dizer assim: -como tu és linda, filhota! Digo menos do que penso, espalho menos do que desejo, demonstro menos do q mereces: como tu és linda, minha Filhota, q tbém é minha Mãe, minha Amiga, minha Menina... A música do Dylan, qdo a ouço na memória, me lembra de ti só pq diz q és uma mulher, mas q te magoas como uma menina... pena q o compacto, q ganhei qdo já não havia mais toca-discos, não posso mostrar-te... era a mais linda versão dela... http://www.youtube.com/watch?v=ueGuzmotwaI She takes just like a woman, yes, she does She makes love just like a woman, yes, she does And she aches just like a woman But she breaks just like a little girl.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ausência


Um ano... todos os trezentos e sessenta e seis dias, desde aquele 05 de julho foram de alguma dor. Cada amanhecer trazia a certeza da ausência. Ausência da dedicação constante e amorosa. A cada dia que se passou, não houve menos tristeza, não houve menos desesperança...


Antes, havia a certeza da família, centrada nela. Ela que, atenciosa, ligava todos os dias para saber se as "crianças" estavam bem, se a filha não queria um pouco do doce que estava pronto, enchendo de um amarelo brilhante e saboroso a compoteira de cristal...


Tecia, com mãos já bem trêmulas, peças para aquecer aqueles que amava, peças que mostravam a habilidade presente, mesmo com o malvado Parkinson que a perturbava -lembranças de uma vida rica e criativa...
Tricotei, há pouco tempo, uma touca para a Sophy e ela a usa sempre que está frio... me fez lembrar de quando a Mãe me ensinou a colocar os pontos na agulha e a fazer um ponto bem bonito. Gostava quando ela passava a mão sobre meu trabalho e dizia, admirada: como teu ponto é parelho... sentia-me acariciada pelas palavras, mais que pelas mãos...


Domingo, já estava combinado: a galinha da Petisqueira, bem assada... e a malandra não abria mão daquela pelezinha bem tostada, não importava o quanto a gente reclamasse -olha o colesterol! a polentinha frita -olha o colesterol! a maionese de batatas -olha o colesterol! Não adiantava, ela comia com gosto infantil as delícias que lhe tinham sido negadas por muito tempo... Tempos difíceis e pobres, que ela lembrou naquele último domingo ensolarado em que levei uma tortinha de palmitos e ela, ativa e curiosa, quis saber como se fazia... Não cheguei a lhe dar a receita, ela se foi antes que pudesse fazê-lo, mas até hj, cada vez que a turma diz que a tortinha está ótima, dedico-a à Mãe e ao seu carinho...


Olho para mim e percebo, por trás dos óculos, o mesmo olhar e a mesma curiosidade... A família, aquela família, se desfez... Não há mais nada que nos una, a partilha que se anuncia encarregou-se de estilhaçar os afetos e tornar desconhecidos os rostos de antes... As coisas tomaram o lugar dos sorrisos... Sorte que tenho meus filhos amados, meu companheiro querido e meus gatos e amigos... Com eles, posso suportar a vida sem o amor de minha Mãe...