Há muitos anos, minha mãe, Zoé, era professora de um colégio interno para crianças do Interior. Situado em Porto Alegre, era a saída para famílias carentes proporcionarem uma educação de bom nível para seus filhos. No final do ano, os pais davam um jeito de buscar suas crianças para passarem Natal e Ano-Novo com eles.
Num certo ano, uma família não teve condições de buscar a menina, de uns oito anos, filha única. O pai havia falecido e a família estava enfrentando muitas dificuldades. Minha mãe, entendendo o sofrimento e a saudade da pequena e para não deixá-la sozinha no colégio, a trouxe para passar o Natal em nossa casa.
Mesa posta, luzes, risadas, presentes. Então, tocou a campainha e todos ficamos muito surpresos, não estávamos esperando ninguém. Era a mãe da menina, que a minha mãe havia providenciado que viesse de longe para que, naquele ano, já tão cheio de sofrimento, as duas pudessem compartilhar ao menos dessa alegria. Até hoje esta história nos emociona, colorindo o Natal com a generosidade e o carinho da dona Zoé.
chic, eu! saiu na Zero Hora de 24/25 de dezembro de 2013
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